"Recomenda-se
apenas a grafia história, tanto no sentido de ciência histórica, quanto no de
narrativa de ficção".
A
palavra estória, comumente aceita como sendo um relato de fatos não comprovados
(ou fictícios), fora designada para tal fim no início do século XX, por um
acadêmico brasileiro – mas sem respaldo etimológico.
Etimologistas
dizem, no entanto, que tal neologismo é uma “frescura” estilística, uma vez
que, na língua portuguesa, não há razão linguística para adotá-lo, mesmo quando
se queira diferenciá-lo de história.
Envolto
pela tradição folclorista do termo, o conhecido escritor Guimarães Rosa acabou
publicando, em 1962, um livro com o título Primeiras Estórias.
O
Aurélio, 4ª Edição, também condena o verbete estória: "Recomenda-se apenas
a grafia história, tanto no sentido de ciência histórica, quanto no de
narrativa de ficção, conto popular, e demais acepções".
Portanto,
segundo recomendação etimológica, não se deve usar o termo estória, mesmo em se
tratando de evento fictício. Use somente história (com h).
Fica
registrado, assim, o erro do consagrado Guimarães Rosa. Erros de português,
portanto, são encontrados inclusive por parte de quem julgamos incapazes de
cometê-los.
Alguns
modernistas brasileiros, por exemplo, tendo à frente o poeta Mário de Andrade,
defendiam que uma frase poderia ser iniciada por um pronome átono, ao contrário
do que dizia - e ainda diz - a regra gramatical pertinente ao caso.
Eles
defendiam, deste modo, que frases do tipo "O vi hoje", são corretas.
Ou ainda "As conheci há pouco". A reação não demorou a chegar, o que
fez os modernistas recuarem, com exceção de Mário de Andrade, que mesmo diante
das ponderações de Manuel Bandeira, preferiu continuar no erro.
Robério
Fernandes
Colunista
Coluna
"Reforma Ortográfica"
É
Licenciado em História e ex-professor de matemática financeira. Autor do livro
“Manual de português para o dia a dia forense”. É servidor concursado do
Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. Ministra cursos sobre a nova reforma
ortográfica. Em 2009 foi facilitador do referido curso na Comarca de Acopiara e
em 2010 e 2011 na Comarca de Aquiraz, tendo como destinatários juízes,
promotores, advogados e servidores do Judiciário e do Ministério Público. É autor
de três blogs, um dos quais voltados exclusivamente para a língua portuguesa,
com postagens semanais.
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