Ao acordar, de manhã, o macaco deu pela falta
do seu cacho de bananas.
Procura aqui, procura ali e nada... Algum
espertinho levara tudo.
- FUI ROUBADO!
A mata ficou agitada com a notícia. E
logo, Dona Coruja, investigadora das mais afamadas, aceitou o novo caso.
CORUJA
- Caro Macaco, para começar do começo, melhor a vítima. Primeiro diga-me: Há
algum suspeito?
MACACO
- Dona Coruja, abomino o preconceito, mas... Soube de um bicho estranho que
veio de muito longe. Não é, pois destas bandas. Não duvido que tenha escondido
as bananas na bolsa que trazia na barriga.
CORUJA
- Hum!!! Tem caroço nesse angu, vamos então ouvir o...
CANGURU
- Essa história já conheço. Só por ser um estrangeiro já viro logo suspeito.
Pois digo, digo e repito: nesta mata há um tipo ainda mais esquisito, com um
rabo bem fornido tal e qual uma lagartixa multiplicada por quatro.
CORUJA
– Ora, agora eu me acho. É hora de interrogar o...
LAGARTO
– Dona Coruja, eu não tenho nada com o pato. Mas... Tenho um palpite: quem
tapeou o macaco vive muito bem na mata, com seu porte de madame e com seu
casaco de pintas.
CORUJA
– Palpite não conta. Mas não custa ir até a...
ONÇA
– Dona coruja tenho cara de malvada, pois quando fico brava... Viro mesmo uma
onça. Mas no fundo sou boa-praça. Não quero atirar pedra na vidraça do vizinho.
Pense, pense um pouquinho: que bicho aqui desta mata poderia comer tantas
bananas sem ficar engasgado? Só mesmo com um pescoço comprido, comprido como um
gargalo... Um gargalo de garrafa.
CORUJA
– Um gargalo de garrafa? Pois vamos até a...
GIRAFA
– Das bananas nem sabia. Juro! Mas o maroto que as levou deve ser muito ladino,
com um rabo bem peludo e bigode no focinho.
CORUJA
– Ora, ora! Não posso perder a pose. Quero escutar sem muita prosa a...
RAPOSA
– Minha cara Coruja sou famosa pela astúcia, mas... Meu negócio são galinhas.
Vez ou outra umas uvas. E vou lhe dar umas dicas: pra mim o malandrão é o tal
que ostenta uma juba e nunca, nunca perde a majestade.
CORUJA
– Pelo sim, pelo não, vamos saber o que diz o...
LEÃO
– só lambo o beiço por carne. Bananas? Arre! Nem de graça. Nós os gatos grandes
ou pequenos, não nos damos com fruta nem mato. Pra resolver logo o caso, preste
atenção na charada: Quem pode subir em árvores embora não tenha patas?
CORUJA
– Como é duro o ofício! Porém, mãos à obra, é ora de ouvir a...
COBRA
– Dona Coruja ouça: Tudo sobra pra cobra em dobro. Dizem que sou uma víbora.
Mas no caso das bananas, creia, sou inocente. Sem querer ser venenosa, achar o
larápio é fácil, com sua roupa listrada.
CORUJA
– É preciso dar ouvidos a todos de “A” à “Z”. Pois então vamos até a... ZEBRA –
No dia dos fatos eu estava fora a visitar o cavalo, que é meu contra parente.
Mas pra mim está óbvio: Quem mais poderia agarrar o cacho de bananas sem ter
uma grande tromba?
CORUJA
– É hora de seguir adiante e conversar com o...
ELEFANTE
– Dona Coruja, pouco uso minha tromba de uns tempos pra cá, pois ando só
resfriado. Se quiser saber de tudo, consulte quem tudo viu e tudo vê lá do
alto.
CORUJA
– Agora a porca torce o rabo. Já me vou por ali pra encontrar...
BEM-TE-VI
– Vi sim. E vi muito bem o Macaco acordar esfomeado no meio da madrugada. E
comer uma, duas e até três bananas de uma única vez, até acabar com o cacho.
Mais coitado, não sabia, pois enquanto comia, roncava.
CORUJA
– O mistério chega ao fim sem muito pano pra manga. O meu compadre guloso
pasmem... É ....SONÂMBULO
(Milton Célio de Oliveira Filho)