O blog
No blog Nossa Bibliotequinha reúno histórias infantis para serem trabalhadas com as crianças em sala de aula, em casa ou em projetos pedagógicos. As histórias contidas no blog foram coletadas na internet (como domínio público) e reunidas a fim de facilitar o uso diário de profissionais da educação e pais ou responsáveis pelas crianças.
Estou completamente aberta à sugestões e críticas CONSTRUTIVAS. Se for encontrado no blog qualquer erro de ortografia, irregularidades ou histórias que estão em desacordo com os direitos autorais, peço que entrem em contato comigo para que eu possa imediatamente corrigir, ou excluir a postagem.
Torço para que este blog seja uma ótima ferramenta de trabalho para todos.
Clique nas imagens para ver em tamanho maior!
Mostrando postagens com marcador A menina e o Pássaro Encantado. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador A menina e o Pássaro Encantado. Mostrar todas as postagens
24 agosto 2013
A menina e o Pássaro Encantado
Era
uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo. Ele era um
pássaro diferente de todos os demais: era encantado.
Os
pássaros comuns, se a porta da gaiola ficar aberta, vão-se embora para nunca
mais voltar.
.
Mas
o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades…
As
suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas
cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava.
Certa
vez voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão…
—
Menina, eu venho das montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente
branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho
do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas
minhas penas, um pouco do encanto que vi, como presente para ti…
E,
assim, ele começava a cantar as canções e as histórias daquele mundo que a
menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do
pássaro.
Outra
vez voltou vermelho como o fogo, penacho dourado na cabeça.
—
Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os
grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga.
.
As
minhas penas ficaram como aquele sol, e eu trago as canções tristes daqueles
que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos
verdes...
E de
novo começavam as histórias. A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem
parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isto voltava sempre.
Mas
chegava a hora da tristeza.
—
Tenho de ir — dizia.
—
Por favor, não vás. Fico tão triste. Terei saudades. E vou chorar…
— E
a menina fazia beicinho…
— Eu
também terei saudades
—
dizia o pássaro. — Eu também vou chorar.
Mas
vou contar-te um segredo: as plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os
peixes precisam dos rios…
.
E o
meu encanto precisa da saudade.
.
É
aquela tristeza, na espera do regresso, que faz com que as minhas penas fiquem
bonitas.
Se
eu não for, não haverá saudade.
.
Eu
deixarei de ser um pássaro encantado. E tu deixarás de me amar.
.
Assim,
ele partiu. A menina, sozinha, chorava à noite de tristeza, imaginando se o
pássaro voltaria.
E
foi numa dessas noites que ela teve uma ideia malvada:
“Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais
partirá. Será meu para sempre. Não mais terei saudades. E ficarei feliz…”
Com
estes pensamentos, comprou uma linda gaiola, de prata, própria para um pássaro
que se ama muito. E ficou à espera.
.
Ele
chegou finalmente, maravilhoso nas suas novas cores, com histórias diferentes
para contar.
Cansado
da viagem, adormeceu. Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não
acordasse, o prendeu na gaiola, para que ele nunca mais a abandonasse.
.
E
adormeceu feliz.
Acordou
de madrugada, com um gemido do pássaro…
—
Ah! menina… O que é que fizeste?
Quebrou-se
o encanto. As minhas penas ficarão feias e eu esquecer-me-ei das histórias…
.
Sem
a saudade, o amor ir-se-á embora…
A
menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas não foi
isto que aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ficando diferente.
Caíram
as plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se
num cinzento triste.
.
E
veio o silêncio: deixou de cantar.
Também
a menina se entristeceu.
.
Não,
aquele não era o pássaro que ela amava.
E de
noite ela chorava, pensando naquilo que havia feito ao seu amigo…
.
Até
que não aguentou mais. Abriu a porta da gaiola.
—
Podes ir, pássaro. Volta quando quiseres…
—
Obrigado, menina. Tenho de partir.
E
preciso de partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar.
.
Longe,
na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro de nós.
Sempre
que ficares com saudade, eu ficarei mais bonito.
Sempre
que eu ficar com saudade, tu ficarás mais bonita. E enfeitar-te-ás, para me
esperar… E partiu.
Voou
que voou, para lugares distantes. A menina contava os dias, e a cada dia que
passava a saudade crescia.
—
Que bom
—
pensava ela
— o
meu pássaro está a ficar encantado de novo…
E
ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos, e penteava os cabelos e colocava
uma flor na jarra.
—
Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje…
Sem
que ela se apercebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado, como o pássaro.
.
Porque
ele deveria estar a voar de qualquer lado e de qualquer lado haveria de voltar.
Ah!
Mundo maravilhoso, que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se
ama…
E
foi assim que ela, cada noite, ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com
o pensamento:
“Quem sabe se ele voltará amanhã….”
E
assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.
Autor:
Ruben Alves
Assinar:
Postagens (Atom)